Numa altura em que a
droga adquire – no nosso país e no mundo – proporções
assombrosas, destruindo pessoas e famílias, vale a pena dizer que
existe uma solução pequena e fácil, da qual nos temos andado a
esquecer.
Quando se verifica o
fracasso de todos os meios usados para impedir a proliferação da
droga e se experimentam outros, mirabolantes – que muitas vezes não
passam de absurdas concessões e de vis desistências -, vale a pena
dizer que a solução não se encontra em sistemas de cooperação
internacional, em vigilância policial, em complicados processos
intelectuais ou em experimentar novos métodos.
O problema da droga
– como quase todos os outros – é um problema de educação.
Resolve-se nas famílias, resolvendo os problemas das famílias. Não
é preciso ir mais longe.
Mas educar, no que
diz respeito à droga, não consiste em explicar aos jovens os
malefícios dela. Não consiste apenas em preveni-los contra um mal
que, vindo de fora, os pode destruir.
É muito diferente
disso. E um pouco mais trabalhoso.
Todas as pessoas
procuram a felicidade e têm tendência a confundir felicidade com
prazer. E todos tendem a conseguir a felicidade com o mínimo de
esforço possível.
Acontece que a droga
está no final do caminho do prazer fácil. Ainda não se descobriu
coisa que dê mais prazer. Quando se vai pela vida correndo de prazer
em prazer, sucede que se deseja sempre mais, porque aquilo que se tem
nunca é bastante. São precisos prazeres cada vez maiores. E muitos
chegam à droga através desse caminho.
Outros chegam lá
pela ausência de um sentido para as coisas e para a vida.
Na família pode
ensinar-se – principalmente através do exemplo dos pais – que
existe uma felicidade que não reside nos prazeres do corpo, mas
resulta de um comportamento reto. A felicidade nasce de se estar em
paz com a consciência; brota do dever cumprido; vem-nos da vitória
alcançada sobre nós mesmos, de termos realizado – apesar dos
obstáculos interiores e exteriores – coisas boas.
É preciso que os
filhos saboreiem muitas vezes todo o prazer que existe em terem
terminado com perfeição uma tarefa que quiseram começar ou que
lhes foi confiada. Devem ganhar gosto pelo trabalho bem terminado.
Compreenderão que o prazer interior que sentem vale bem o esforço
que aquilo lhes custou.
E quem diz o
trabalho bem terminado diz muitas outras situações atrás das quais
se esconde – como um tesouro – a felicidade: dizer a verdade
mesmo quando custa muito, dedicar tempo e esforço a uma atividade
que só aproveita a outros, tentar que nasça um sorriso em quem está
triste, pedir perdão, fazer as pazes…
Tudo coisas
“difíceis”…
Se, desde pequenos,
se habituarem a procurar a felicidade nessas coisas, que são muitas
vezes áridas, não irão procurá-la nos prazeres fáceis. Se, desde
sempre, relacionarem felicidade e alegria com esforço – com coisas
difíceis – desconfiarão quando os amigalhotes lhes acenarem com
um prazer-que-não-custa-esforço.
E, entretanto, terão
aprendido o sentido de todas as coisas.
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