Senso Crítico

Senso Crítico

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Da Felicidade



E finalmente me dei conta que a felicidade não existe.....pronta.....mas deve ser construída dia-a-dia...mas não basta apenas construí-la diariamente e não dar-lhe o devido uso. Use a felicidade até esgotar sua cota diária.  Não guarde nada para o dia seguinte, pois não há nada mais insosso que felicidade velha, que devia ter sido saboreada no dia anterior mas não o foi por medo que faltasse no dia seguinte. Não economize sorrisos, assovios, canções que falem de vida e amor, de lutas e vitórias. Cada dia tem a porção de felicidade que nós necessitamos para termos uma vida sadia. Se tivermos nos embriagado de felicidade no dia anterior, com certeza no dia seguinte ela nos virá de forma mais moderada, mas nem por isto deixará de ser felicidade. Sempre ouvi falar que felicidade não se compra, e concordo com esta afirmação. Acho que podemos comprar apenas prazer momentâneo e satisfação, mas isto não é felicidade, assim como poder andar pelas ruas não significa liberdade, pois sabemos que muitos se encontram encarcerados dentro de si mesmo. Quando estiver construindo sua dose diária de felicidade, faça-o de modo que ela se adapte ao seu próprio uso.....faça com que ela caiba em um sorriso espontâneo, com que ela tenha a força de um aperto de mãos caloroso, com que seja forte o suficiente para suportar alguma crítica de arquitetos que possuem muita formação clássica mas pouca atitude prática. Faça com que ela possa ser reduzida a um tamanho tal que caiba dentro de um olhar, mas que tenha brilho suficiente para iluminar outras vidas...e outros olhares. Não seja egoísta, partilhe sua porção de felicidade diária. Não seja tampouco orgulhoso, aceite se alguém lhe oferecer um pouco de felicidade, pois de nada vale uma bela construção se não puder ser apreciada e adornada pela felicidade alheia. Dê felicidade a seu corpo, alimente-o, exercite-o, mas jamais se esqueça de sua alma, pois é ela a primeira a lhe dar bom dia pela manhã; é ela que lhe conta histórias que só vocês dois conhecem; é ela que, quando ainda não havia nada construído, estava a seu lado lhe dizendo num sussurro: “ não importa o tamanho de sua obra, se você a executar com seu coração estarei sempre feliz a seu lado.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

O Tempo Que Nos resta




De súbito sabemos que é já tarde.
Quando a luz se faz outra, quando os ramos da árvore que somos soltam folhas e o sangue que tínhamos não arde como ardia, sabemos que viemos e que vamos. Que não será aqui a nossa festa.
De súbito chegamos a saber que andávamos sozinhos. De súbito vemos sem sombra alguma que não existe aquilo em que nos apoiávamos. A solidão deixou de ser um nome apenas. Tocamo-la, empurra-nos e agride-nos. Dói. Dói tanto! E parece-nos que há um mundo inteiro a gritar de dor, e que à nossa volta quase todos sofrem e são sós.
Temos de ter, necessariamente, uma alma. Se não, onde se alojaria este frio que não está no corpo?
Rimos e sabemos que não é verdade. Falamos e sabemos que não somos nós quem fala. Já não acreditamos naquilo que todos dizem. Os jornais caem-nos das mãos. Sabemos que aquilo que todos fazem conduz ao vazio que todos têm.
Poderíamos continuar adormecidos, distraídos, entretidos. Como os outros. Mas naquele momento vemos com clareza que tudo terá de ser diferente. Que teremos de fazer qualquer coisa semelhante a levantarmo-nos de um charco. Qualquer coisa como empreender uma viagem até ao castelo distante onde temos uma herança de nobreza a receber.
O tempo que nos resta é de aventura. E temos de andar depressa. Não sabemos se esse tempo que ainda temos é bastante.
E de súbito descobrimos que temos de escolher aquilo que antes havíamos desprezado. Há uma imensa fome de verdade a gritar sem ruído, uma vontade grande de não mais ter medo, o reconhecimento de que é preciso baixar a fronte e pedir ajuda. E perguntar o caminho.
Ficamos a saber que pouco se aproveita de tudo o que fizemos, de tudo o que nos deram, de tudo o que conseguimos. E há um poema, que devíamos ter dito e não dissemos, a morder a recordação dos nossos gestos. As mãos, vazias, tristemente caídas ao longo do corpo. Mãos talvez sujas. Sujas talvez de dores alheias.
E o fundo de nós vomita para diante do nosso olhar aquelas coisas que fizemos e tínhamos tentado esquecer. São, algumas delas, figuras monstruosas, muito negras, que se agitam numa dança animalesca. Não as queremos, mas estão cá dentro. São obra nossa.
Detestarmo-nos a nós mesmos é bastante mais fácil do que parece, mas sabemos que também isso é um ponto da viagem e que não nos podemos deter aí.
Agora o tempo que nos resta deve ser povoado de espingardas. Lutar contra nós mesmos era o que devíamos ter aprendido desde o início. Todo o tempo deve ser agora de coragem. De combate. Os nossos direitos, o conforto e a segurança? Deixem-nos rir… Já não caímos nisso! Doravante o tempo é de buscar deveres dos bons. De complicar a vida. De dar até que comece a doer-nos.
E, depois, continuar até que doa mais. Até que doa tudo. Não queremos perder nem mais uma gota de alegria, nem mais um fio de sol na alma, nem mais um instante do tempo que nos resta.

Construção



Construção é uma canção do cantor e compositor brasileiro Chico Buarque, lançada em 1971 para seu álbum homônimo. Junto com "Pedro Pedreiro", é considerada uma das canções mais emblemáticas da vertente crítica do compositor, "podendo-se enquadrar como um testemunho doloroso das relações aviltantes entre o capital e o trabalho".

A letra foi composta em versos dodecassílabos, que sempre terminam numa palavra proparoxítona. Os 17 versos da primeira parte (quatro quartetos, acrescidos de um verso-desfecho) são praticamente os mesmos dezessete que compõem a segunda parte, mudando apenas a última palavra.2 Os arranjos são do maestro Rogério Duprat, em uma melodia repetitiva, desenvolvida inicialmente sobre dois acordes.3 A música, entretanto, tem harmonia bem mais complexa.

A canção foi feita em um dos períodos mais severos da ditadura militar no Brasil, em meio à censura e à perseguições políticas. Chico Buarque havia retornado da Itália em março de 1970, país onde vivia desde o início de 1969, ao tomar distância voluntária da repressão política brasileira.

Em entrevista concedida à revista Status, em 1973, Chico afirma que "Construção" não era para ele uma música de denúncia ou protesto. "(...) Em Construção, a emoção estava no jogo de palavras. Agora, se você coloca um ser humano dentro de um jogo de palavras, como se fosse... um tijolo - acaba mexendo com a emoção das pessoas."

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague

terça-feira, 7 de maio de 2013

Claudio Souza Pinto

Claudio Souza Pinto é um pintor romântico surrealista nascido em São Paulo, no ano de 1954. Aos 4 anos de idade ele já trabalhava com argila, sob a supervisão de seu tio, o pintor Bernardo Cid de Souza Pinto. Ele vendia suas obras, enquanto estudava para uma licenciatura em design industrial pela Universidade Mackenzie em São Paulo.Em 1990, Alan Aouizerate, o colecionador de arte francês, apaixonou-se pelo trabalho de Souza Pinto e o convidou para expor na Le Bains e na Ópera de Paris. Desde então, ele exibiu suas obras com sucesso durante muitos anos. Para o artista, a vida é um grande jogo. Todos nós temos diferentes máscaras de comportamento, e elas surgem dependendo da ocasião ... no teatro da vida! Claudio Souza Pinto transforma as situações cotidianas em imagens surreais, românticas e engraçadas. Seu trabalho tem encantado brasileiros e europeus há anos e agora está no limiar de ser descoberto pelo público americano também.