Senso Crítico

Senso Crítico

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O Tempo Que Foge



Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui
para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas..
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam
poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir
assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar
da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo
de secretário geral do coral.
‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
minha alma tem pressa…
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua
mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Pais e Filhos, Maridos e Esposas



Meu maior medo é viver sozinho e não ter fé para receber um mundo diferente e não ter paz para se despedir. Meu maior medo é almoçar sozinho, jantar sozinho e me esforçar em me manter ocupado para não provocar compaixão dos garçons. Meu maior medo é ajudar as pessoas porque não sei me ajudar. Meu maior medo é desperdiçar espaço em uma cama de casal, sem acordar durante a chuva mais revolta, sem adormecer diante da chuva mais branda. Meu maior medo é a necessidade de ligar a tevê enquanto tomo banho. Meu maior medo é conversar com o rádio em engarrafamento. Meu maior medo é enfrentar um final de semana sozinho depois de ouvir os programas de meus colegas de trabalho. Meu maior medo é a segunda-feira e me calar para não parecer estranho e anti-social. Meu maior medo é escavar a noite para encontrar um par e voltar mais solteiro do que antes. Meu maior medo é não conseguir acabar uma cerveja sozinho. Meu maior medo é a indecisão ao escolher um presente para mim. Meu maior medo é a expectativa de dar certo na família, que não me deixa ao menos dar errado. Meu maior medo é escutar uma música, entender a letra e faltar uma companhia para concordar comigo. Meu maior medo é que a metade do rosto que apanho com a mão seja convencida a partir com a metade do rosto que não alcanço. Meu maior medo é escrever para não pensar.

trecho de Pais e filhos maridos e esposas II

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Amar é Atitude



Um esposo foi visitar um sábio conselheiro e disse-lhe que já não amava sua esposa e que pensava em separar-se.
O sábio escutou-o, olhou-o nos olhos e disse-lhe apenas uma palavra:
- Ame-a. E logo se calou.
- Mas, já não sinto nada por ela!
- Ame-a, disse-lhe novamente o sábio.
E diante do desconcerto do senhor, depois de um breve silêncio, disse-lhe o seguinte:
- "Amar é uma decisão, não um sentimento; amar é dedicação e entrega. Amar é um verbo e o fruto dessa ação é o amor. O amor é um exercício de jardinagem: arranque o que faz mal, prepare o terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide. Esteja preparado porque haverá pragas, secas ou excessos de chuvas mas nem por isso abandone o seu jardim. Ame o seu par, ou seja, aceite-o, valorize-o, respeite-o, dê afeto e ternura, admire e compreenda-o. Isso é tudo. Ame!"

A inteligência sem amor, te faz perverso.
A justiça sem amor, te faz implacável.
A diplomacia sem amor, te faz hipócrita.
O êxito sem amor, te faz arrogante.
A riqueza sem amor, te faz avaro.
A docilidade sem amor, te faz servil.
A pobreza sem amor, te faz orgulhoso.
A beleza sem amor, te faz ridículo.
A autoridade sem amor, te faz tirano.
O trabalho sem amor, te faz escravo.
A simplicidade sem amor, te deprecia.
A oração sem amor, te faz introvertido.
A lei sem amor, te escraviza.
A política sem amor, te deixa egoísta.
A fé sem amor, te deixa fanático.
A cruz sem amor se converte em tortura.
A vida sem amor... não tem sentido

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A Carroça



Uma das grandes preocupações de nosso pai, quando éramos pequenos, consistia em fazer-nos compreender o quanto a cortesia é importante na vida.
Por várias vezes percebi o quanto lhe desagradava o hábito que têm certas pessoas, de interromper a conversa quando alguém está falando. Eu, especialmente, incidia muitas vezes nesse erro. Embora visivelmente aborrecido, ele, entretanto, nunca ralhou comigo por causa disso, o que me surpreendia bastante.
Certa manhã, bem cedo, ele me convidou para ir ao bosque a fim de ouvir o cantar dos pássaros. Concordei, com grande alegria, e lá fomos nós, umedecendo nossos calçados com o orvalho da relva. Ele se deteve em uma clareira e, depois de um pequeno silêncio, me perguntou:
- "Você está ouvindo alguma coisa além do canto dos pássaros?"
Apurei o ouvido alguns segundos e respondi:
- "Estou ouvindo o barulho de uma carroça que deve estar descendo pela estrada."
- "Isso mesmo..." disse ele. "É uma carroça vazia..."
De onde estávamos não era possível ver a estrada e eu perguntei admirado:
-" Como pode o senhor saber que está vazia?"
- "Ora, é muito fácil saber. Sabe por que?"
-" Não!" respondi intrigado.
Meu pai pôs a mão no meu ombro e olhou bem no fundo dos meus olhos, explicando:
- " Por causa do barulho que faz. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz."
Não disse mais nada, porém deu-me muito em que pensar.
Tornei-me adulto e, ainda hoje, quando vejo uma pessoa tagarela e inoportuna, interrompendo intempestivamente a conversa de todo o mundo, ou quando eu mesmo, por distração, vejo-me prestes a fazer o mesmo, imediatamente tenho a impressão de estar ouvindo a voz de meu pai soando na clareira do bosque e me ensinando:
-"Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz."

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Arrogância em Alto Mar


O diálogo abaixo é verídico, e foi travado em outubro de 1995 entre um navio da Marinha Norte Americana e as autoridades costeiras do Canadá, próximo ao litoral de Newfoundland.
Os americanos começaram na maciota:
- Favor alterar seu curso 15 graus para norte para evitar colisão com nossa embarcação.

Os canadenses responderam de pronto:

- Recomendo mudar o SEU curso 15 graus para sul.

O americano ficou mordido:

- Aqui é o capitão de um navio da Marinha Americana. Repito, mude o SEU curso.

Mas o canadense insistiu:

- Não. Mude o SEU curso atual.

O negócio começou a ficar feio. O capitão americano berrou ao microfone:

- ESTE É O PORTA-AVIÕES USS LINCOLN, O SEGUNDO MAIOR NAVIO DA FROTA AMERICANA NO ATLÂNTICO. ESTAMOS ACOMPANHADOS DE TRÊS DESTROYERS, TRÊS FRAGATAS E NUMEROSOS NAVIOS DE SUPORTE. EU EXIJO QUE VOCÊS MUDEM SEU CURSO 15 GRAUS PARA NORTE, OU ENTÃO TOMAREMOS CONTRAMEDIDAS PARA GARANTIR A SEGURANÇA DO NAVIO.

E o canadense respondeu:

- Aqui é um farol, câmbio!

Às vezes a nossa arrogância nos faz cegos, quantas vezes criticamos a ação dos outros, quantas vezes exigimos mudanças de comportamento nas pessoas que vivem perto de nós quando na verdade nós é que deveríamos mudar o nosso rumo...

Os Pacientes

Os pacientes


Dois homens, ambos gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital. Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes, para que os fluidos circulassem nos seus pulmões. Sua cama estava junto da única janela do quarto.
O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas. Os homens conversavam horas a fio. Falavam das suas mulheres famílias, das suas casas, dos seus empregos, dos seus aeromodelos, onde tinha passado as férias...
E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as coisas que ele conseguia ver do lado de fora da janela. O homem da cama do lado começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a atividade e cor do mundo do lado de fora da janela.
A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma tênue vista da silhueta da cidade podia ser vista no horizonte.
Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, o homem no outro lado do quarto fechava os seus olhos e imaginava a pitoresca cena. Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que ia a passar. Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, e conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a retratava através de palavras bastante descritivas. Dias e semanas passaram.
Uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos, e encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, que tinha falecido calmamente enquanto dormia. Ela ficou muito triste e chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo. Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca. Depois de se certificar de que o homem estava bem instalado, a enfermeira deixou o quarto. Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora. Fez um grande esforço e lentamente olhou para o lado de fora da janela...que dava, afinal, para uma parede de tijolo!
O homem perguntou à enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela. A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede. "Talvez ele quisesse apenas dar-lhe coragem...".

Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas. A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade, quando partilhada, é dobrada. Se te queres sentir rico, conta todas as coisas que tens que o dinheiro não pode comprar.

Imagem; pintura de Henri Matisse - Open Window

sábado, 16 de fevereiro de 2013

"Classe" Gramatical


Estamos vivendo numa sociedade que adora chavões e frases de efeito. Uma sociedade que tenta simplificar e condensar tudo, teses, comportamentos e mesmo filosofias, em uma simples frase ou pensamento.
Nossa sociedade esta se utilizando do artifício de alterar algumas palavras para tentar mudar o atual estado das coisas. Esta atitude pode ser resumida em uma simples frase;
Estamos vivendo a era do “politicamente correto”.
Na era do politicamente correto, algumas palavras foram banidas por serem consideradas de cunho pejorativo, sendo substituídas por sinônimos adequados. Assim sendo;
Caloteiro virou inadimplente
Negro/ Cidadão de cor ou afrodescendente
Pobre ganhou o status de desvalido ou menos favorecido
Velhice virou terceira idade, ou melhor idade
Quem não entende o que lê é analfabeto funcional
Cumplice virou conivente...só para citar alguns exemplos.
Até palavrão ganhou nova roupagem, senão vejamos, temos os famosos fdp e pqp...cpi
Apesar da linguagem ter se tornado mais amena com todo este eufemismo, não vejo mudança substancial no comportamento da sociedade. Acho que isto se deve a dois equívocos;
 - o primeiro deles é que “politicamente” e “correto” são duas palavras que historicamente não ficam bem juntas...a frase ganha um “que” de falsidade.
 - o segundo equívoco é que alteramos as classes gramaticais erradas. Alteramos adjetivo e sujeito na segunda e terceira pessoa, quando deveríamos alterar verbo e sujeito na primeira pessoa.
Dizem que os verbos são o grande obstáculo no aprendizado da Língua Portuguesa. Deve ser esta a razão que nos leva a conjugar tão pouco os verbos. Para mudar a sociedade, devemos tentar conjugar mais verbos...começando pelos verbos Respeitar, Amar, Compreender, Valorizar, Estudar, Trabalhar, Perdoar, Instruir,....
Talvez quando conseguirmos nos familiarizar com estes verbos, possamos encontrar finalmente a posição correta em nossas sentenças para os substantivos Humildade, Sinceridade, Simplicidade, Honestidade.
Apenas mais um lembrete.....não podemos nos esquecer que toda conjugação verbal começa com a primeira pessoa do singular.....eu.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Os Dois Horizontes



 Dois horizontes fecham nossa vida:

 Um horizonte, — a saudade
 Do que não há de voltar;
 Outro horizonte, — a esperança
 Dos tempos que hão de chegar;
 No presente, — sempre escuro, —
 Vive a alma ambiciosa
 Na ilusão voluptuosa
 Do passado e do futuro.

 Os doces brincos da infância
 Sob as asas maternais,
 O vôo das andorinhas,
 A onda viva e os rosais.
 O gozo do amor, sonhado
 Num olhar profundo e ardente,
 Tal é na hora presente
 O horizonte do passado.

 Ou ambição de grandeza
 Que no espírito calou,
 Desejo de amor sincero
 Que o coração não gozou;
 Ou um viver calmo e puro
 À alma convalescente,
 Tal é na hora presente
 O horizonte do futuro.

 No breve correr dos dias
 Sob o azul do céu, — tais são
 Limites no mar da vida:
 Saudade ou aspiração;
 Ao nosso espírito ardente,
 Na avidez do bem sonhado,
 Nunca o presente é passado,
 Nunca o futuro é presente.

 Que cismas, homem? — Perdido
 No mar das recordações,
 Escuto um eco sentido
 Das passadas ilusões.
 Que buscas, homem? — Procuro,
 Através da imensidade,
 Ler a doce realidade
 Das ilusões do futuro.

 Dois horizontes fecham nossa vida.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Roda Viva



Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...

A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Presença da Vida


Já te perguntaste: - Onde está a vida?
pois eu te respondo: - olha ao teu redor!
a encontrarás em tudo que olhares
até no mais ínfimo pormenor.

- A vida está no arrebol,
numa simples borboleta que voa,
se alimenta num raio de Sol,
se ergue na água da garoa.

- A vida está na pulsação,
reacende num raio de luar,
está dentro de um coração,
que vive feliz a cantar.

- A vida está na saudade,
numa rajada suave de vento,
na alegria da felicidade,
nos desígnios do pensamento.

- A vida está no canto de um passarinho,
está na beleza perene da flor,
na extensão plena do caminho,
trazendo no seio, lampejos de amor.

- A vida está em cada passo,
que dás com fé e esperança,
está no calor de um abraço,
no sorriso de uma criança.

- A vida, de Deus se reflete
é centelha de luz muito forte
tanto, que revigora e se repete
após a tristeza da morte.