Senso Crítico

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Os Dois Horizontes



 Dois horizontes fecham nossa vida:

 Um horizonte, — a saudade
 Do que não há de voltar;
 Outro horizonte, — a esperança
 Dos tempos que hão de chegar;
 No presente, — sempre escuro, —
 Vive a alma ambiciosa
 Na ilusão voluptuosa
 Do passado e do futuro.

 Os doces brincos da infância
 Sob as asas maternais,
 O vôo das andorinhas,
 A onda viva e os rosais.
 O gozo do amor, sonhado
 Num olhar profundo e ardente,
 Tal é na hora presente
 O horizonte do passado.

 Ou ambição de grandeza
 Que no espírito calou,
 Desejo de amor sincero
 Que o coração não gozou;
 Ou um viver calmo e puro
 À alma convalescente,
 Tal é na hora presente
 O horizonte do futuro.

 No breve correr dos dias
 Sob o azul do céu, — tais são
 Limites no mar da vida:
 Saudade ou aspiração;
 Ao nosso espírito ardente,
 Na avidez do bem sonhado,
 Nunca o presente é passado,
 Nunca o futuro é presente.

 Que cismas, homem? — Perdido
 No mar das recordações,
 Escuto um eco sentido
 Das passadas ilusões.
 Que buscas, homem? — Procuro,
 Através da imensidade,
 Ler a doce realidade
 Das ilusões do futuro.

 Dois horizontes fecham nossa vida.

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