O que eu adoro em ti,
Não é a tua
beleza.
A beleza, é em nós
que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é
triste.
Não é triste em
si,
Mas pelo que há
nela de fragilidade e de incerteza.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua
inteligência.
Não é o teu
espírito sutil,
Tão ágil, tão
luminoso,
- Ave solta no céu
matinal da montanha.
Nem a tua ciência
Do coração dos
homens e das coisas.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça
musical,
Sucessiva e
renovada a cada momento,
Graça aérea como o
teu próprio pensamento,
Graça que perturba
e que satisfaz.
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já
perdi.
Não é a irmã que
já perdi.
E meu pai.
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo
instinto maternal
Em teu flanco
aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza.
Nem a tua impureza.
O que eu adoro em
ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em
ti, é a vida.
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