Senso Crítico

Senso Crítico

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Madrigal Melancólico



O que eu adoro em ti,
 Não é a tua beleza.
 A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
 E a beleza é triste.
 Não é triste em si,
 Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
 Não é a tua inteligência.
 Não é o teu espírito sutil,
 Tão ágil, tão luminoso,
 - Ave solta no céu matinal da montanha.
 Nem a tua ciência
 Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
 Não é a tua graça musical,
 Sucessiva e renovada a cada momento,
 Graça aérea como o teu próprio pensamento,
 Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,
 Não é a mãe que já perdi.
 Não é a irmã que já perdi.
 E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
 Não é o profundo instinto maternal
 Em teu flanco aberto como uma ferida.
 Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
 O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
 O que eu adoro em ti, é a vida.

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