Senso Crítico

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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Carta De Um Velho Pai a Seu Filho



Amado filho,


O dia que este velho já não seja o mesmo, tenha paciência e me compreenda.

Quando derramar comida sobre minha camisa e esquecer como amarrar meus sapatos, tenha paciência comigo e se lembre das horas que passei ensinando você a fazer as mesmas coisas.

Se quando conversar comigo, repito e repito as mesmas palavras e você sabe de cor como termina, não me interrompa e me escute. Quando você era pequeno, para que dormisse, tive que contar milhares de vezes a mesma história, até que você fechasse seus olhinhos. 

Quando estivermos reunidos e sem querer fizer minhas necessidades, não fique com vergonha e me compreenda que não tenho culpa disto, pois já não os posso controlar. Pense quantas vezes quando menino lhe ajudei e estive pacientemente a seu lado, esperando que você terminasse o que estava fazendo.

Não me reprove caso não queira tomar banho; não me chame atenção por isto. Lembre-se dos momentos que persegui, e os mil pretextos que inventava para tornar mais agradável o seu banho. 

Quando me veja inútil e ignorante na frente de todas as coisas tecnológicas que já não poderei entender, eu suplico que me dê todo o tempo que seja necessário, para não me machucar com seu sorriso sarcástico.

Lembre-se que fui eu quem lhe ensinou tantas coisas. Comer, se vestir e como enfrentar a vida tão bem como faz, que são produtos de meu esforço e perseverança.

Quando em algum momento, enquanto conversamos, eu chegue a me esquecer do que estamos falando, me dê  todo o tempo que seja necessário até que eu me lembre, e se não posso faze-lo não fique impaciente; talvez não fosse importante o que falava e a única coisa que queria era estar com você e que me escutasse nesse momento.

Se alguma vez já não queira comer, não insista. Sei quando posso e não devo. Também compreenda que com o tempo já não tenho dentes para morder e nem gosto para sentir.

Quando minhas pernas falharem por estarem cansadas para andar... dá-me a sua mão terna para me apoiar, como eu fiz quando você começou a caminhar com sua fracas perninhas.
Por último, quando algum dia me ouvir dizer que já não quero mais viver e que só quero morrer, não se aborreça. Algum dia você entenderá que isto nada tem a ver com seu carinho ou o quanto te amei. Trate de compreender que já não vivo, senão sobrevivo, e isto não é viver.

Sempre quis o melhor para você e preparei os caminhos que deve percorrer. Então pense que com este passo que me adianto a dar, estarei construindo para você outra rota em outro tempo, porém, sempre com você.

Não se sinta triste ou impotente por me ver assim. Dá-me seu coração, compreenda-me e me apóie como fiz quando você começou a viver.

Da mesma maneira que lhe acompanhei em seu caminho, peço que acompanhe para terminar o meu. Dê-me amor e paciência, que devolverei gratidão e sorriso com o imenso amor que tenho por você.

Atenciosamente

SEU VELHO

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