O movimento pela legalização da maconha, ou se preferirem,
pela descriminalização da maconha, vem rendendo muita polêmica. Todos querem
defender seu ponto de vista, seja ele contrário ou favorável a legalização. Não
sou especialista no assunto, mas tentarei aqui expor minha opinião e alguns
dados e informações que julgo necessários também.
Segundo algumas pessoas que defendem a tese da legalização
da maconha, esta seria a melhor maneira de acabar com o tráfico de drogas. Sustentam
esta tese dizendo que se todo usuário puder plantar seu pezinho de cannabis
(maconha) em casa, não sustentará mais o tráfico.Será? Particularmente eu acho
esta idéia simplista e ingênua ao extremo. O tráfico não se refere unicamente a
maconha, mas engloba todas as demais drogas ilícitas, como cocaína, crack,
heroína, LSD, maxixe e outras que porventura surgirem. Se eu adotar esta tese
como verdadeira, logo teremos que legalizar também a produção caseira de
cocaína, heroína, crack e todas as demais drogas. Existem drogas que requerem
um maior conhecimento para sua fabricação caseira? O governo – suponho que eles
já tenham pensado nesta idéia – ofereceria cursos grátis para os usuários, a
fim de que produzissem um produto de qualidade que ‘não colocasse em risco sua
saúde’. É claro que esta atitude de permitir o plantio da maconha não seria uma
atitude isolada. Com o tempo, os usuários – ou devo dizer produtores – iriam
acabar por produzir mais do que o necessário para seu consumo e então surgiria o
impasse. O que fazer com o excedente? A resposta que surge imediatamente em
minha mente é: vender, a fim de que o produtor possa obter algum dividendo que
ajude nas despesas da casa. Mas logo nos deparamos com outro problema. O
comércio de drogas seria ilegal, já que a legalização se refere somente ao uso
pessoal da erva. A solução seria legalizar o comércio da maconha. Sim,
legalizar, já que eu penso seria um absurdo o governo incentivar o plantio de
um produto sem que este possa ser comercializado. Comércio gera dividendos –
dinheiro – e com ele surge sua companheira inseparável: a ganância. O Brasil é
um país de dimensões continentais, isto todos nós já ouvimos, mas também
estamos cientes de que nem todos os brasileiros possuem seu pedaço de terra.
Mais um problema a ser resolvido para que a sociedade fume seu baseado em paz. O governo arrendaria
as áreas verdes para que os ‘sem terra’ possam fazer uso das mesmas a fim de
plantarem sua cannabis e serem felizes, afinal, todos são iguais perante a lei
– ou não? Com o passar do tempo – pouco tempo, diga-se de passagem – os
produtores teriam que proteger sua colheita dos amigos do alheio, já que a
humanidade não é constituída de seres perfeitos no que se refere a princípios.
Para proteger sua produção, talvez fosse o caso de portar armas. Mas não foram
feitos protestos veementes mostrando a população os malefícios que uma arma
pode provocar, e que quem usa armas – com exceção dos militares – é bandido?
Nossa, o sistema esta ficando cada vez mais complexo....melhor partir para a
análise de outra tese.
As pessoas contrárias a legalização dizem que a maconha
vicia – fato comprovado pela medicina. Os favoráveis a legalização dizem que
‘comer e beber’ também vicia. Quero apenas lembrar que ‘comer e beber’ não são
vícios – já que vício é todo hábito considerado de alguma forma nocivo – mas
sim necessidades fisiológicas, assim como fazer xixi, respirar, dormir e
outras. Vícios são a gula e a destemperança.
Fala-se muito nas propriedades medicinais da maconha.
Algumas delas realmente existem. Pesquisas evidenciaram que a maconha pode
produzir um efeito analgésico importante. Os pacientes que seriam beneficiados
com o uso da maconha seriam aqueles em uso de quimioterapia, em pós-operatório,
com trauma raquimedular (lesão da coluna vertebral com acometimento da medula),
com neuropatia periférica, em fase pós-infarto cerebral, com AIDS, ou com
qualquer outra condição clínica associada a um quadro importante de dor
crônica.
Muitos oncologistas e pacientes defendem o uso da maconha,
ou do THC (seu principal componente já estudado) como agente antiemético. Mas
quando comparada com outros agentes, a maconha tem um efeito menor do que as
drogas já existentes. Contudo, seus efeitos podem ser aumentados quando
associados com outros antieméticos. Dessa maneira, o uso da cannabis na
quimioterapia pode ser eficiente em pacientes com náuseas e vômitos não
controlados com outros medicamentos
Os estudos sobre os efeitos da maconha sugerem que esta
droga pode ser importante no tratamento da desnutrição e da perda do apetite em
pacientes com AIDS ou câncer, mas que outros medicamentos já existentes se
mostram muito mais eficazes que a maconha.
Estudos em animais demonstram que o uso da maconha pode
estimular os movimentos em doses baixas e pode inibí-los em doses altas. Esta
característica pode ser importante para o desenvolvimento de tratamentos para
as desordens motoras na doença de Parkinson.
Apesar do glaucoma ser uma das indicações mais citadas para
o uso da maconha, os dados existentes não suportam esta indicação. A pressão
alta intra-ocular é um dos fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma
e a maconha poderia agir diminuindo esta pressão. Mas esse efeito é de curta
duração e só é conseguido com altas doses da droga. As altas doses provocam
muitos efeitos indesejáveis e as medicações já existentes são bastante efetivas
e com efeitos colaterais mínimos.
Detalhe: Todos estes efeitos modestos citados acima se
referem ao desenvolvimento de substâncias puras, e não através do fumo da
mesma. Ressalto também que medicamentos já existentes tem eficácia bem superior
a cannabis em todos os casos clínicos citados.
Dos dados acima cabe uma pergunta e uma observação – outra.
Não me parece que os adeptos da legalização sofram de alguma das doenças
citadas acima, sendo modestamente beneficiadas com o uso da maconha. Pelo
que pude constatar raras são os manifestantes que alardeiam os benefícios do
uso medicinal da maconha que podem exibir diploma de medicina. Quem seriam então
estas pessoas que pleiteiam a legalização da maconha e qual sua verdadeira
intenção? Pense e tire suas próprias conclusões.
Uma pergunta que é feita com freqüência pelos favoráveis a
legalização da maconha é: que mal faz fumar um baseado? As pessoas usam tantas
drogas piores que a maconha chamadas
popularmente de remédios.
Vamos por partes. Na questão sobre o mal que o uso da
maconha pode acarretar, as pesquisas demonstram que o hábito de fumar provoca
alterações nas células do trato respiratório e aumentam a incidência de câncer
de pulmão. Os efeitos associados ao longo tempo de exposição ao THC são a
dependência dos efeitos psicoativos e a síndrome de abstinência com a cessação
do uso. Os sintomas da síndrome de abstinência incluem agitação, insônia,
irritabilidade, náusea e cãibras.
O álcool é muitas vezes chamado á discussão para lembrar que
o mal que as bebidas causam é muito maior que os males que a maconha produz.
Para comprovar este raciocínio se valem do grande número de acidentes de
trânsito causados pela embriaguez. Quero lembrar que dirigir alcoolizado é
crime, bem como fumar maconha.Violência- -causada muitas vezes por estado de
embriaguez – também é crime.
Fala-se também do cigarro. Exige-se um tratamento idêntico
para ambos – cigarro e maconha – já que ambos trazem inúmeros malefícios ao ser
humano. Não sei se as pessoas se deram conta, mas o cigarro esta sofrendo uma
perseguição – justa – por parte dos governos, que esta limitando cada vez mais
seu consumo, seja pelo fato estipulat altas taxas de impostos na sua produção e
comercialização, seja pela restrição cada vez maior dos locais onde o fumo é
permitido. Aos mais jovens quero informar que nas décadas de 60-70 era comum
anúncios da indústria do fumo nas mídias mais populares da época, como rádio,
televisão e revistas de grande circulação. Os anúncios mostravam –
invariavelmente – fumantes como pessoas bem sucedidas e felizes, praticando
esportes radicais e rodeados de belas mulheres. Aos poucos estes anúncios foram
sendo banidos. Na televisão, inicialmente, foram empurrados para horários
tardios. Mesmo nos esportes pudemos constatar esta campanha contra o fumo.
Alguns países que sediam corridas da F1 só aceitam sediar estes eventos se os
anúncios da indústria do cigarro forem retirados das equipes. No caso das
bebidas, ainda temos a cerveja, que tem grande divulgação em todos os horários,
mas já não se vê mais bebidas de destilados nos meios de comunicação. Temos
agora a opção de cerveja sem álcool, bem como de espumantes. É clara a intenção
dos governos em reduzir ao extremo o consumo de bebidas e cigarro. O que as
pessoas favoráveis a legalização da maconha querem é que ela trilhe um caminho
totalmente oposto das duas drogas citadas acima. Querem que seu uso seja
difundido, ou na ‘melhor’ das hipóteses, facilitado.
Com certeza você que esta lendo este artigo se perguntou: se
o governo quer reduzir o consumo de bebidas e cigarros, por que não criminaliza
seu uso? Por que esta é uma questão um tanto quanto peculiar. Estas duas drogas
jamais foram proibidas no país, o que tornou seu consumo fato corriqueiro e
determinou que este se transformasse num comportamento social ‘consagrado’, o
que torna mais difícil sua erradicação.
Quanto ao fato das drogas compradas nas farmácias, devo
lembrar que o uso das mesmas deve ser controlado pelo médico e o fornecimento
de muitas delas só se torna possível através da apresentação de receita. O uso
indiscriminado destas ‘drogas’ causa malefícios a saúde sim. Malefícios estes
que se tenta combater com informação e controle por parte dos responsáveis. Eu
poderia discutir aqui o porque do uso indiscriminado de medicamentos, mas não é
esta a intenção desta matéria.
A maconha afeta também a memória, prova disto éos usuários
da erva não ‘lembrarem’ de nenhum malefício causado pela mesma.
A grande bandeira erguida pelos defensores da legalização do
uso da maconha é a bandeira da liberdade. Liberdade de escolha – dizem eles –
um direito de todo ser humano. Ainda segundo os adeptos da legalização, o uso
ou não da droga seria de livre arbítrio. Você poderia fazer uso ou não, segundo
sua vontade. Sempre haveria duas opções, usar ou não. Em minha opinião esta é
uma meia-verdade. Você tem realmente duas opções – usar ou não – até o momento
que decide pelo uso da mesma. À partir dali, sua vontade fica sob controle da
droga, e resta a você apenas uma opção: obedecer as vontades que ela injeta em
sua mente e corpo.
Mesmo agora, com a criminalização do uso da maconha em
vigor, as pessoas continuam a ter duas opções: respeitar as leis ou não. Algumas
pessoas tentam fazer um exercício de imaginação nos perguntando o que pensaríamos
se nossos filhos fossem presos apenas por fumar um baseado, sem ter cometido
crime algum?
Bom, eu não tenho filhos, mas sou filho, e recebi de meus
pais a orientação do que é permitido ou não pelas leis do país onde resido e
quais as conseqüências que o não cumprimento das leis acarretaria a minha
pessoa. Tenho respeitado as leis de meu país por entender que uma vida em
sociedade requer regras. O que algumas pessoas querem é a extinção de toda e
qualquer regra. Querem a liberdade de fazer e provar tudo que imaginam, sem
sentirem o peso da censura ou o dedo da crítica. Sociedades nestes moldes não
existem e jamais existirão, pois a liberdade de cada um termina onde começa a
do outro, o que por si só já é uma regra. Pessoas que defendem as leis atuais
sobre este assunto são taxadas de conservadores e retrógradas. Me incluo entre
eles, pois sou contra a legalização da maconha.
A legalização da maconha serve apenas para abrir um precedente a fim de que se legalize outras drogas, já que surgiria a pergunta inevitável: Por que uma droga pode e a outra não pode?
A legalização da maconha serve apenas para abrir um precedente a fim de que se legalize outras drogas, já que surgiria a pergunta inevitável: Por que uma droga pode e a outra não pode?
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